24 de mai. de 2007

Os fins não falam nada sobre os meios

Hoje, na aula de atualidades (link-piada), me foi passado um texto extraído da Caros Amigos sobre o que é ser de esquerda. Se vocês não estiverem com paciência para lavagem cerebral, vou colocar só um trecho:

José Arthur Giannotti, doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo e professor emérito do Departamento de Filosofia da USP.*
Esquerda é a não-aceitação do status quo. Ter esperança de que possamos ter um mundo melhor, e a certeza de que podemos aglutinar as pessoas para mudar.

Muito bonito. "Um mundo melhor", "pessoas unidas", "unicórnios lindinhos" etc etc. Mas ninguém sentiu falta de nada não? E aí? COMO eles querem isso? Não há nada (em nenhum dos mais de dez comentários sobre "o que é ser de esquerda") que defina aquilo que os canhotos querem fazer para que estes planos maravilhosos aconteçam. A palavra igualdade, que deveria aparecer ao menos vinte vezes em cada frase, por exemplo, só consta quatro vezes em todo o texto.

Atualmente, ser de direita no Brasil, na França ou em qualquer lugar é praticamente ser de esquerda levando-se em conta A maioria. O Kaio, inclusive, dedicou dois posts (imensos, a propósito) só sobre a vitória dos "vermelhos". Os canhotos, se apoiando nos fins que pretendem, e, muitas vezes apontando meios tão terríveis quanto a desigualdade social, acabaram cativando corações de muita gente.

Não precisa ser de direita para saber reconhecer algo estúpido. Se uma matéria de uma revista se propõe a explicar uma ideologia, como ela espera fazer isto adotando respostas como "ser blablabla é ser uma pessoa boa"? Será que ter suas liberdades cerceadas, além de outras coisas, é coisa boa? Será que boa é um conceito universal e fechado? Talvez seja ousadia minha perguntar, caros amigos, mas eu realmente queria saber.

Além do mais - me perdoem as raríssimas exceções- a esquerda é formada, quando não por moda, por um bando de coitados que se sentem culpados por usufruirem mais que aqueles que são realmente lascados pelo sistema. Uma espécie de purgatório pelo qual, conforme o tempo passa, podem se recuper para juntar dinheiro.

"Se você não é socialista quando jovem, é porque não tem coração. Se continua a ser socialista quando adulto, é porque não tem cérebro", é o que dizem, não?


* Escolhi o doutor em Filosofia pela USP completamente por acaso. Só depois lembrei da ironia...

...

Sobre os estudantes da USP:
Adorei.

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