32 Dentes
Dentistas são engraçados. Você entra naquela sala super-branca e tal e o cara já te manda sentar naquela cadeira ou poltrona ou cama que fica sendo ajustada pra que você - e sua boca- estejam no ângulo certinho pra as experiências grotescas que se seguem.
Daí ele pega um trilhão de ferramentas e vai organizando uma a uma naquela mesinha: aquele espelhinho com um gancho na outra ponta, um sugador, um motorzinho que fica zunindo quando entra em sua boca, um monte de algodão e um tantão de inutilidades que nem o criador deve saber pra que servem.
Ele ajusta a porcaria da luz pra que fique bem no meio de sua cara, bem no MEIO. Ainda suspeito se aquilo serve pra ver sua boca ou pra te deixar cego. Sabe como é, dentistas são cruéis.
Quando você abre a boca, a pedido dele, ele demora um tempinho e começa a colocar alguma coisa lá dentro, um espelho ou um gancho que fica fazendo tloc tloc quando bate em seus dentes. Dentistas são irritantes.
Depois vem o motorzinho zunindo lá em sua boca e os olhos do dentista parecem dizer pra você algo como "quem mandou vir aqui com mau-hálito?" e quanto mais sua mão aperta o guardanapo que ele te deu, mais ele coloca aquele troço entre seus dentes, na frente de seus dentes, do lado de seus dentes ou em qualquer buraco em que aquilo possa zunir. Não que para os profissionais da odontologia não fosse mais prático colocar aquilo dentro de seu ouvido, mas felizmente eles sabem que se fizessem isso não seriam pagos.
Depois de meia hora vem os algodões, o flúor ou sei-lá-mais-o-quê, quando você já não agüenta mais ficar deitado naquela posição. É como o toque final da tortura, ou a hora em que ele realmente faz o seu trabalho: "já acabei a tortura de hoje, he he, vamos ao trabalho". Eles fazem alguma coisa que deixa seus dentes limpinhos e aí você se levanta, se dirige à porta e ele te dá um sorriso bem grande e um tchau super-amigável, como se te conhecesse há milênios.
Dentistas são sádicos.
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